Lobi...mulher...

Sou uma LOBIMULHER!!!
Acham estranho?
Se há lobisomens, por que não há-de haver lobimulheres?
Como é que se ia perpetuar a espécie, se só houvesse indivíduos de um só sexo, não podendo nós dispor de um sistema de reprodução como o de certas plantas, que mudam de sexo conforme as circunstâncias?
Mas eu tenho um problema.
Já encontrei alguns lobisomens. Não é fácil, porque eles não se mostram muito, com medo da discriminação dos homens a sério!
Mas eu não sou um lobisomem: dou-me bem com eles, mas não sou exactamente como eles!
Por isso, ando à procura de uma lobimulher!!! Uma como eu!!!
Para eu poder ver o que em mim tem a ver com a espécie, é comum a todas as lobimulheres, e o que é só meu, faz parte do meu “núcleo duro”! Seria uma forma de me conhecer melhor a mim própria.
Mas NUNCA encontrei uma lobimulher!
Por que será, perguntam-me?
Talvez porque, no que se refere aos indivíduos do género masculino, os preconceitos vão abrandando progressivamente.
Mas os do género feminino são mães, são as responsáveis pelas crias, têm de dar o exemplo.
Logo, as lobimulheres escondem-se ainda mais que os lobisomens, para não serem reconhecidas.
Deve haver algumas por aí, até com companheiros que são homens a sério e que elas vão gerindo o melhor que podem. Certamente, muitas terão de fazer de conta que são mulheres a sério. Outras terão companheiros que sabem que elas são LOBIMULHERES e gostam delas mesmo assim.
Eu não tive essa sorte.
O lobisomem que encontrei não conseguia suportar o facto de eu ser uma LOBIMULHER.
Tentou transformar-me numa mulher a sério, porque tinha medo que eu o dominasse.
A única coisa que conseguiu foi a perda de confiança e a separação.
Ando à procura de outras lobimulheres, para ver como é que elas gerem estas situações!!!
Porque, aparentemente, não nasci dotada da capacidade de fazer perceber aos lobisomens que não quero dominar ninguém, nem ser dominada por ninguém: só quero ser companheira de alguém.
Não quero estar nem atrás, nem à frente: quero estar AO LADO!!!