sábado, 24 de maio de 2008

Do mito de Cyrano


Ontem, em conversa com uma amiga, veio à baila da história de Cyrano de Bergerac.
Trata-se da história de um homem feio, mas cheio de espírito, que amava uma mulher fabulosamante bela, mas nem se atrevia a aparecer à frente dela, tão feio se achava.
Esse homem tinha um amigo, um belo rapaz, que também amava a tal beldade, mas não tinha qualquer dote espiritual.
Só que a bela apreciava a inteligência. Logo, o pobre rapaz também pensava que não tinha hipóteses nenhumas!!!
Então, Cyrano começou a escrever tudo o que queria dizer à bela e não ousava e o seu amigo enviava-lhe os textos como se fossem seus.
Quando, Christian, o belo rapaz, está prestes a revelar a Roxanne que não é ele que escreve as cartas, é morto no campo de batalha e Cyrano esconde a verdade, para não denegrir a imagem do amigo perante a bela.
Anos mais tarde, quando ele próprio está a morrer, Roxanne descobre quem era o verdadeiro autor das cartas que tanto lhe agradavam.
Isto é o enredo de uma peça de teatro de Edmond Rostand, dramaturgo francês do final do séc. XIX, que serviu de base a vários filmes. Cyrano existiu realmente e também ele era um autor literário.
A história de Cyrano é um exemplo de baixa auto-estima.
E de como, às vezes, querendo ser altruístas, nos enganamos e enganamos os outros, provavelmente sem vantagens para ninguém. Afinal, a tal mulher não usufruiu da companhia de nenhum dos dois!!!

Também nós na vida, por vezes, nos disfarçamos de Cyranno e arranjamos um Christian atrás do qual nos escondemos.
Já me aconteceu isso na vida. Mas não foi para escrever a nenhum belo!!!
Apenas pus o meu espírito ao serviço de outra pessoa em questões de intercâmbio com correspondentes estrangeiros.
E só percebi o embaraçoso da situação, quando começaram a chegar elogios às cartas que eu escrevia... dirigidos à outra pessoa, que também ficou altamente embaraçada.
Bem se diz que "Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele!"
Serviu-nos às duas!!!

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