domingo, 29 de junho de 2008

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Da "zombização" na sociedade do séc. XXI



Estão sempre a dizer-nos que a sociedade do séc. XXI nos lança permanentemente novos desafios, a que é preciso responder com eficiência e celeridade.
Na tentativa de agilizar essa resposta (expressão que faz parte dos chavões com que nos atormentam no dia a dia), foi desenvolvido o processo de "zombização".
Não estamos a falar da clonagem.
Na "zombização", o sujeito mantém-se uno. Sofre é algumas transformações que desenvolvem nele características que o tornam mais apto para a tal resposta rápida. Por exemplo, deixa de ter necessidade de comer e beber, também não precisa de dormir, não tem sentimentos que estorvem o seu funcionamento... em suma, está sempre apto para o trabalho.
O pior é que o processo de "zombização" ainda está a dar os primeiros passos! Daí que uma boa parte dos "zombizados" revele algumas deficiências: são muito frugais, mas ainda não perderam por completo a vontade de comer e beber; dormem muito poucas horas, mas ainda não foi possível levá-los a prescindir por completo dessa actividade inútil e consumidora de tempo indispensável para o trabalho; já têm poucas respostas emocionais, mas persistem em achar importante rir de vez em quando e, se não nos acautelarmos, ainda os apanhamos de lágrima ao canto do olho!!!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Christina Rossetti - poetisa inglesa



Remember

Remember me when I am gone away,
Gone far away into the silent land;
When you can no more hold me by the hand,
Nor I half turn to go yet turning stay.
Remember me when no more day by day
You tell me of our future that you planned:
Only remember me; you understand
It will be late to counsel then or pray.
Yet if you should forget me for a while
And afterwards remember, do not grieve:
For if the darkness and corruption leave
A vestige of the thoughts that once I had,
Better by far you should forget and smile
Than that you should remember and be sad.

[O retrato foi pintado pelo irmão, Dante Gabriel Rossetti, também ele poeta e representante do movimento pré-rafaelita na pintura europeia do séc. XIX.]

Emily Dickinson - poetisa americana



A word is dead
When it is said,
Some say.

I say it just
Begins to live
That day.

domingo, 22 de junho de 2008

Thomas Eakins - pintor da água e dos corpos


Given up - Linkin Park

Será?!!!

She - H. Rider Haggard



She (who must be obeyed) - ou de como a espera pode destruir!

[Ver resumo da obra no link.]

Da aplicação da metodologia científica à vida



Pensando nos trabalhos científicos que tenho de realizar e orientar no âmbito das minhas actividades profissionais, decidi elaborar algumas sugestões de aplicação da respectiva metodologia à gestão de situações do dia a dia.
Aqui vão alguns princípios a seguir, aplicados a qualquer tipo de compromisso a assumir na vida quotidiana:
- definir claramente o conceito de compromisso referenciando pelo menos 3 autores relevantes no domínio;
- construir 1 instrumento de análise da situação (cf. bibliografia consultada, nomeadamente obras dos 3 autores considerados como mais relevantes);
- fazer opção clara, tendo em conta as várias hipóteses formuladas e as circunstâncias associadas a cada uma delas;
- justificar a opção tomada a partir da revisão de literatura feita, incluindo estudos teóricos e resultados de outros estudos empíricos do mesmo género.
Bom proveito!!!
Nota 1: Não se trata de uma metodologia do género CTS/PC.
Nota 2: Aguardamos reacções!!!
[Dedicado a uma amiga que nem sempre reage bem aos meus maneirismos profissionais. Hehe!]

Um exemplo de empreendedorismo



Conhecem o turismo académico?
É um exemplo do empreendedorismo que deve caracterizar a sociedade do séc. XXI.
Tem imensas vantagens. Senão vejamos:
- pode fazer-se em casa, no local de trabalho ou noutro qualquer local da escolha dos turistas;
- pode fazer-se com papel e lápis ou recorrendo à mais sofisticada tecnologia informática;
- é especificamente adequado a professores, essa classe profissional tão desvalorizada;
- apesar da designação escolhida evocar mais directamente o Ensino Superior, pode ser realizado por profissionais de qualquer nível de ensino, incluindo o pré-escolar;
- adapta-se a indivíduos de qualquer categoria profissional;
- pode fazer-se em qualquer altura do ano.
Sá lhe falta um enquadramento adequado por parte do Ministério da Educação, que deveria passar, no imediato, pela tomada de duas medidas de fundo:
- criação de um Instituto do Turismo Académico, destinado a programar e coordenar este génerio de actividades;
- a acreditação deste género de actividades em termos profissionais.
Assim, junta-se o útil ao agradável!!!

sábado, 21 de junho de 2008

Do estar fechado em si



Há ocasiões em que me sinto como se estivesse fechada dentro de mim própria!
Quando era criança e tinha medo, fechava os olhos, pensando que, quando as minhas janelas sobre o mundo estavam veladas, eu não via nada... e que também ninguém me podia ver.
Mais tarde, percebi que isso não acontecia, que eu não podia ver os outros, mas que eles continuavam a ver-me a mim. E percebi também que, pelo contrário, devia manter os olhos bem abertos, para poder apreender o que se passava à minha volta. Embora soubesse também que a inteligência tinha um papel a desempenhar nesta história!
O pior foi quando eu percebi que, mesmo com os olhos bem abertos, mesmo com a inteligência bem alerta, havia coisas que nos escapavam e coisas que nós víamos como elas não eram! E também que, bem no fundo, o que se passa no íntimo dos outros é um território desconhecido para nós.
Porque nós podemos usar as nossas armas, os nossos instrumentos para tentar explorar esse território. Mas ele ficará sempre fechado para nós, se o OUTRO não quiser abrir as fronteiras.
O mesmo se passa para nós em relação aos outros.
Mas, deste modo, fico com a sensação de estar fechada em mim.
Irremediavelmente? Talvez não!!! Mas sempre um pouco à mercê da boa vontade alheia.
Posso sempre tentar criar uma aliança, para poder ter acesso àquele território!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Lost without you - John Petrucci

The washing away of wrong - John 5



O que eu preciso mesmo de fazer!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Summer song - Joe Satriani e John Petrucci



A saudar a chegada do Verão e a associá-lo à música!!!

Come as you are - Nirvana

Come as you are, as you were,
As I want you to be.
As a friend, as a friend, as an old enemy.
Take your time, hurry up.
The choice is yours, don't be late.
Take a rest as a friend, as an old memory.

Come dowsed in mud, soaked in bleach,
As I want you to be.
As a trend, as a friend, as an old memory.

And I swear that I don't have a gun.
No, I don't have a gun.

Do mergulhar e do nadar



São duas coisas que gosto de fazer, mas que não faço igualmente bem.
Quando era adolescente, aprendi a nadar, numas férias de Verão. E descobri que até nadava bastante bem e que era algo que me relaxava muito e me tirava as ideias negras da cabeça.
Já mergulhar (mas não estou a falar do mergulho com equipamento especial!) me custava um pouco, porque tenho propensão para os problemas respiratórios.
Ontem, um amigo disse-me, a propósito de me achar um pouco agitada, que era preciso mergulhar, ir até ao fundo das questões.
E isso fez-me pensar que, até na vida, eu sou melhor a nadar (pelo que me consigo manter à tona) do que a mergulhar (razão pela qual nunca sei suficientemente bem o que anda lá nas profundezas).

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O meu alter ego



Pequeno, redondo, eventualmente fofo... mas cheio de garra!!!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Everytime i die - Children of Bodom

Duelo e homenagem

Slash (ex Guns N' Roses, actual Velvet Revolver) e Zakk Wylde (Black Label Society e Ozzy Osbourne) em duelo de guitarras, homenageando Jimmi Hendrix, com uma interpretação muito improvisada de Voodoo Child.

Electric dreams - Human League

Da conquista



Um amigo pôs no msn uma frase que reza o seguinte: "O verdadeiro homem não é aquele que conquista várias mulheres, mas o que conquista a mesma mulher várias vezes".
Esta frase dá mesmo que pensar.
Como todos os pensamentos, não encerra em si uma verdade absoluta. Porque há sempre uma margem para falhas. E, em caso de erro, mais vale uma retirada oportuna do que a persistência no caminho errado, com prejuízo para o próprio e para a outra pessoa envolvida na relação.
Mas é interessante por mostrar que a qualidade poderá superar a quantidade.
E também por chamar a atenção para o facto de que a conquista não termina, tem de ser continuada.
Só falha mesmo num aspecto.
É que, embora a conquista seja tradicionalmente considerada como uma tarefa masculina, ela tem de ter sempre uma contrapartida feminina.
Ou seja, para que uma parte conquiste, a outra tem de se deixar conquistar.
E, muitas vezes, para que a vontade de conquistar surja, é necessário que alguém a faça surgir.
E, como estamos num mundo diferente, a conquista pode partir de qualquer um dos lados.
Aliás, sempre foi assim.

Vozes



Contam que Joana d'Arc se sentiu chamada para a missão que assumiu por vozes misteriosas que ouvia quando estava sozinha.
Também se sabe que essas particularidades e o papel que desempenhou na Guerra dos Cem Anos a levaram à morte na fogueira, condenada por bruxaria. [Parece que o facto de usar o cabelo curto e roupas de homem também pesaram na decisão!]
Ouvir vozes é um sintoma de doença mental.
Mas, sem chegarmos ao ponto de as ouvir, todos temos diferentes "vozes" dentro de nós, que podemos invocar para nos ajudar a tomar uma decisão... ou que só nos atrapalham com as suas censuras, veladas ou explícitas.

Do suicídio



Ao longo da minha vida, conheci várias pessoas que se suicidaram.
Algumas eram só pessoas com quem eu me cruzava de vez em quando, mas uma delas era um amigo.
E o meu contacto com o facto de que há pessoas que chegam a acabar com a própria vida sempre me fez pensar muito. Mas não é um pensamento que permita chegar a conclusões, porque o assunto é muito complexo e tem cambiantes muito difíceis de enfrentar.
Na catequese, ensinaram-me que o suicídio era um pecado, mas não conseguiram fazer-me perceber por que razão.
A primeira vez que tive conhecimento de um caso de suicídio (tinha eu 10 anos e conhecia vagamente a pessoa, porque se tratava do empregado de um papelaria onde eu ia fazer compras), percebi que não estava mesmo nada convencida de que valesse a pena classificar tal acto como um pecado e votar a pessoa à condenação eterna. Pensei sobretudo em como devia ser grande o sofrimento daquela pessoa, para a levar a enfrentar voluntariamente algo que me inspirava um profundo terror: a MORTE.
Infelizmente, entretanto, conheci outros casos, em idades diferentes da minha vida, e vejo o suicídio como uma capitulação.
Mas não com a intenção de condenar seja quem for. Quem sou eu para julgar os outros!
E continuo a pensar no sofrimento associado a tal situação.
Sofrimento da pessoa, que se encontrou num tal desespero que sentiu que ninguém a podia ajudar. [Todos nós vivemos momentos assim, em que nos parece que o mundo está vazio para nós. Só a esperança de encontrarmos algo ou alguém que nos ajude nos sustem. Enquanto aguardamos, cerramos os dentes e esperamos que o desespero passe. E se não conseguirmos aguentar?]
Ou pode acontecer que a pessoa até saiba que alguém a pode ajudar, mas não se sinta capaz se assumir perante os outros a fragilidade que a levou àquele desespero. [Há dias, numa entrevista num jornal, um profissional da área da saúde mental focava este aspecto, sublinhando o facto de que, muitas vezes, as pessoas enfrentam melhor os seus "fantasmas" diante de alguém que está de fora.]
Pode ainda acontecer que a pessoa nem sequer seja capaz de assumir perante si própria a fragilidade que a atormenta. [E nem precisa de ser algo condenável. Aliás, o que é condenável, como todas as coisas na vida, depende da perspectiva adoptada.]
Sofrimento também da família e dos amigos, que podem sentir imensas coisas: dor, pela perda de um ente querido; desespero, por não terem conseguido ajudar; raiva, quando vêem no acto uma última tentativa de agressão de que eles são vítimas; inclusive, podem sentir-se traídos por a pessoa não ter optado por procurar o seu apoio.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Esperança



É o nome de uma das minhas amigas.
É uma das virtudes teologais, segundo o que me ensinaram quando eu frequentava a catequese e não tinha idade para perceber esse tipo de conceitos.
É algo que agora, 40 anos depois, constato ser essencial na nossa vida.
É também algo que verifico que me falta muitas vezes. Mea culpa, porque a esperança só se mantém se for cultivada e eu não a trato com o devido carinho (mas acarinho muito a minha amiga Esperança!).
Tentei substituí-la pela Coragem, mas não serve.
É preciso ter Coragem, mas também é preciso ter Esperança. A Coragem sem a Esperança só serve para, obstinadamente, insistir em algo que até já perdeu o significado para nós.
Por isso, façam a vós próprios o favor de terem esperança!!!

Que a alegria permaneça



À espera da versão de Dinu Lipatti.

domingo, 15 de junho de 2008

Ameaça



Como podemos escapar de nós mesmos?

À Elvira





Dividida entre dois mundos.

L'Via L'Viaquez



Uma experiência multicultural no domínio da música.

Unforgettable - Nat & Nathalia King Cole



A ouvir por uma amiga que gosta de música romântica.

Unforgettable - Nat King Cole

O silêncio que mata!



Há tempos um amigo escrevia que o silêncio pode dizer mais que muitas palavras, sentindo-o como algo de agradável.
E desejava que não se dissesse nada, porque as palavras só iriam estragar o ambiente.
Mas nem sempre é assim!
Às vezes, o silêncio mata... ou, pelo menos, corrói, destrói.
Vivi experiências assim na minha vida, que espero não repetir.
Outras vezes, corresponde a uma espera... e a uma montanha de ansiedade.
E ainda é preciso ter esperança de que, no fim, algo vai acontecer.

Sobre o ensinar e o viver



A minha vida passa-se a ensinar.
E tenho públicos bastante variados. Por isso, contacto com muitas pessoas, de idades bem diferentes, embora todos sejam adultos.
Os anos de trabalho que já vivi fizeram-me descobrir algo muito importante: é que aquela ideia de que a ensinar também se aprende é mesmo verdadeira!!!
Aprende-se sobre as pessoas, porque ficamos a conhecer muitas e muito diferentes umas das outras.
Aprende-se muito sobre a vida, porque cada pessoa é um mundo.
Aprende-se muito sobre nós próprios, porque, ao reagirmos aos outros, somos obrigados a revelar-nos e isso leva-nos a descobrir muitas coisas que estão dentro de nós e cuja existência ignorávamos.
Felizmente, também podemos fazer muitos amigos.
Ainda agora estive a enviar uma mensagem a um desses amigos e estou a conversar com outra.

Boulevard of broken dreams - Green Day

sábado, 14 de junho de 2008

Take my scars - Machine Head

E de outro...



Opium - Moonspell e Fernando Ribeiro

Opium,desire or will?
Inspiration bound from a elegant seed
Subversion,through smoke i foresee
Erotic motions of lesser gods in ecstasy.

Opium, bring me gorth another dream
Spawn words of flesh and red,
Litlle jewels of atrocity
Opium, I sleep in debauchery
And burn with you
when you burn in Me.

Opium, we fantasize
as we fuse with your root
You are a strange flower,
we are your strangest fruit

Opium,it burns in me and you
Opium,it burns for me and for you

"Por isso tomo ópio.É um remédio.
Sou um convalescente do Momento.
Moro no rés do chão do Pensamento
E ver passar a vida faz-me tédio."

De um filho do Opiário de Álvaro de Campos



Logo que passe a monção - Rui Veloso e Carlos Tê [Auto da Pimenta]

Num banco de névoas calmas quero ficar enterrado
Num casebre de bambú na minha esteira deitado
A fumar um narguilé até que passe a monção
Enquanto a chuva derrama a sua triste canção

Sei que tenho de partir logo que suba a maré
Mas até ela subir volto a encher o narguilé
Meu capitão já é hora de partir e levantar ferro
Não me quero ir embora diga que foi ao meu enterro

Deixem-me ficar deitado a ouvir a chuva a cair
Que ainda estou acordado só tenho a alma a dormir
Como a folha de bambú a deslizar na corrente
Apenas presa ao mundo por um fio de água morrente

Nos arrozais morre a chuva noutra água há-de nascer
Abatam-me ao efectivo também eu me vou sem morrer
Para quê ter de partir logo que passe a monção
Se encontrei toda a fortuna no lume deste morrão

Ópio bendito ópio minhas feridas mitiguei
Meu bálsamo para a dor de ser
Em ti me embalsamei
Ópio maldito ópio foi para isto que cheguei
Uma pausa no caminho
Numa névoa me tornei

Em homenagem a uma senhora minha amiga



Porto sentido - Rui Veloso e Carlos Tê

Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

[refrão]
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa

Cesário Verde - um poeta de Lisboa



O SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL

I

AVE-MARIAS


Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

[Com referências a outros amantes de Lisboa, como o pintor Carlos Botelho, o poeta David Mourão-Ferreira e a grande Amália!]

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fix you - The Offspring



She wakes up
Rage and grace
Pulling me closer, pushing away
And me
The sharpest thorn on your vine
Twisting and turning
We’re all intertwined

Broken wing
Empty glass
Words that scream and bounce right back
She says, you know
We’d all like to rearrange

I wish I could fix you
And make you how I want you
I wish I could fix you
And I wish you could fix me

I wish I could heal you
And mend where you are broken
I wish I could heal you
And I wish you could heal me

Ha la la la

A beaming sunrise buries the night
The setting sun destroys the light
Then she says, baby, I’ve gotta get going
Cutting each other
Without even knowing

She sees a million stars like holes in the sky
All God’s tears for her they cry
And I am in her rain

Fix you - Coldplay

Ser portuga!



É importante, sim! Faz parte da nossa identidade!!!
E eu sinto-o profundamente, porque, em tempos, vivi uma experiência de vida em que alguém queria "estrangeirizar-me" e fazer-me esquecer que sou portuguesa!
Como podia eu fazer tal coisa?
Ser portuguesa faz parte de mim e eu nunca poderia pôr de parte a cultura portuguesa... a culta e a outra!!!

Apanhada no anzol!



Há situações na vida em que eu me sinto como um peixe... embora não um peixe fora de água.
Mas, como estabeleço o paralelismo com um peixe preso num anzol, também não se pode dizer que a situação seja muito confortável.
Por vezes, andámos a observar algo que nos interessa, que nos chama a atenção e, de repente, descobrimos que estamos presos... a um anzol imaginário!!!
Poderá ser imaginário, mas não deixa de ser temível!!!
Tal como um peixe, poderemos conseguir libertar-nos. Mas isso implica uma grande luta. E, no fim, fica sempre lá um pedaço de nós!!!
E será que queremos mesmo libertar-nos?

A morte é o fim!



Nem de propósito!
Acabo de ler uma entrevista num jornal em que o entrevistado faz esta afirmação e comenta-a de vários pontos de vista, incluindo uma perspectiva profissional.
A afirmação chocou-me, porque é algo em que eu penso muitas vezes. Mas não me assustou. Nem um pouco!
Porque eu penso que a morte é o fim, mas não é forçosamente a aniquilação da pessoa.
Isso põe o problema de saber o que resta de cada um de nós depois da nossa morte. Para mim, resta sobretudo a impressão que deixamos nos outros através da vida que vivemos.
E não estou só a pensar na vida pública. Nem a pressupor que isso só acontece com as pessoas que se destacaram por algum motivo.
Também a nossa vida privada e as relações que estabelecemos com as outras pessoas podem ajudar-nos a construir esse "resto" de nós que fica mesmo depois da nossa morte.
Porque eu acho que nós "sobrevivemos" na memória dos que nos conheceram e na marca que imprimimos nas vidas deles.
Neste blog, homenageei os meus dois avós, porque, para mim, eles não morreram. Ficaram vivos para sempre na minha memória pelo carinho que me deram durante o tempo em que me pude cruzar com eles.
Também eu espero sobreviver na memória de algumas pessoas: por exemplo, o meu sobrinho, com quem estabeleci uma relação de amizade que passa por lhe ensinar coisas... mas também por aprender muito com ele.
Porque eu acredito que aprender coisas com os outros forma para a vida. Mas também penso que ensinar coisas aos outros nos faz aprender mais sobre essas mesmas coisas e também sobre nós próprios. E eu quero que o meu jovem sobrinho também tenha essa oportunidade.
[Já agora, o "ensinar coisas aos outros" - a essência do meu trabalho, já que sou professora - tem-me mesmo feito aprender imenso. Sobre o que ensino e sobre mim! Também devo isso aos meus alunos!]

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Death and all his friends - Coldplay



E o seu reverso!

Viva la vida - Coldplay



Um lado da moeda!!!

Remedy - Black Crowes



O que todos procuram! Para várias finalidades!!!

Practice what you preach - Testament



No mínimo, um bom conselho!

terça-feira, 10 de junho de 2008

E o lado religioso da mesma época



Representado pelo canto gregoriano (que eu ouvi uma vez, ao vivo, na Abadia de Saumur, em França, em Agosto de 1980.

O fortuna - Carmina Burana - Carl Orff



De como uma colectânea de poemas profanos medievais dá uma obra musical inesquecível.

José Mattoso



Um grande homem e um grande historiador.
Uma pessoa admirável, que, apesar da sua idade, ainda não perdeu a garra.

Povo que lavas no rio - Mariza

Eis uma canção que passa mesmo de mão em mão.

Povo que lavas no rio - Dulce Pontes

Amália canta Pedro Homem de Mello

No ano em que eu nasci!!!

... e ao meu avô minhoto



Com um poema de Pedro Homem de Mello, intitulado Havemos de ir a Viana, que a grande Amália cantava.

Homenagem ao meu avô alentejano



Com o que consigo recordar da letra de uma música que ele gostava muito de cantar:

Vamos lá seguindo,
Por esses campos fora,
Que a manhã vem vindo
Nos braços d’aurora.

Nos braços d’aurora,
A manhã vem vindo.
Por esses campos fora,
Vamos lá seguindo.

[Infelizmente, não sei escrever música, para poder fazer a respectiva notação. Hei-de ver se algum(a) amigo(a) me ajuda nessa tarefa.]